sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
HINDUÍSMO - BRAHMA
Brahma é o criador de todo ser vivo, a semente de tudo o que é. Ele é imensidão infinita, da qual espaço, tempo e causa se originam. É o doador do conhecimento, das artes e ciências. Filosoficamente, é o primeiro estágio da manifestação da noção de existência individual. Teologicamente, é o criador não criado, o primeiro ser nascido.
A representação do deus Brahma é cheia de significados. Os principais:
- a flor de lótus sobre a qual ele fica em pé (ou o cisne onde se senta): discriminação e sabedoria.
- as quatro cabeças: podem enxergar em qualquer direção e lembram os quatro Vedas, as quatro yugas (épocas do tempo) e as quatro varnas ou castas – estratificação social das pessoas na Índia.
- os olhos fechados: postura de meditação.
- os objetos na mãos (que variam dependendo da pose em que o deus é retratado):
aksamala, rosário de contas ou mala (cordão), que representa o tempo;
kurcha, escovinha feita da erva indiana chamada kusha, considerada sagrada e usada em muitos rituais;
sruk, uma concha de madeira usada para verter ghee no altar do fogo durante os rituais (sendo que o tamanho da haste dessa concha é do comprimento do braço do sacerdote);
e sruva (colher de cobre, prata ou bronze, também usada nos rituais para oferecer ghee ao fogo sagrado);
Kamandalu, pote d’água, que lembra as águas onde toda criação se originou;
Pustaka, livro, indicando o conhecimento sagrado e secular.
As escrituras informam que cada dia e cada noite de Brahma têm quatro bilhões e trezentos e vinte milhões de anos terrestres, e que mil ciclos de quatro eras estão contidos nesse tempo. No final do dia desse deus, uma colossal nuvem é chamada pelo rei dos céus, Indra, para inundar o universo. E então todas as criaturas permanecem latentes até seu dia começar novamente.
Há duas versões para o nascimento de Brahma. Na primeira ele surge como Hiranyagarbha, dentro de um ovo de ouro que se divide em duas partes: metade torna-se o plano celestial; metade torna-se a Terra. Entre as duas partes surge o céu.
Na outra versão, o deus é conhecido por nascer de uma flor de lótus que sai do umbigo de Vishnu. Daí advêm dois de seus muitos nomes: Nabhija (nascido do umbigo) e Kañja (nascido da água).
Outros nomes seus são Prajapati, o deus da progenitura (do qual todos os seres humanos são herdeiros); Pitamaha, o patriarca; Vidhi, aquele que ordena; Lokesa, o mestre dos mundos; e Dhatr, aquele que sustenta. E ainda é Visvakarma, o arquiteto do mundo. O nome Narayana, aquele que permanece nas águas, foi primeiro designado a Brahma mas, posteriormente, passou a indicar Vishnu.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu
Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos
edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos
edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
domingo, 4 de janeiro de 2009
2009
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